TUTORIAL

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Black Face e a Caminhada

Acabo de assistir à 3:13:35 minutos de debate on line. O tema é um que sempre me perseguiu desde que sorri por estar no palco e sofri por representar-me no palco. Muitos sabem da minha trajetória enquanto negra, e sim a descoberta e aceitação em ser negra. Arte e Sociedade: A Representação do Negro.

Eu já tinha assistido A Mulher do Trem antes, e lembro bem da sensação que tive quando avistei a figura black face. Me senti desconfortável e triste, não posso negar. Mas tentei pensar como artísta, que talvez aquela fosse uma forma de evidenciar o racismo do passado, e daquele tipo de teatro. Desde que comecei os meus estudos teatrais percebi que a história do ator negro em cena é bem pequena, dentro de toda a grandeza que é o teatro. E me feriu ainda mais pelo fato de recordar do texto do meu primeiro exercicio cênico baseado no texto Em Moeda Corrente do País em que a personagem Edviges é descrita como preta, pernóstica e foi interpretada por uma atriz branca, na montagem original. Outra lembrança que me trouxe foi em cima da serie A Cabana do Pai Tomas que bom, nem preciso falar. Isso magoa por dois fatos, primeiro: agora, nós negros precisamos usar essa nossa tal liberdade e ecoar o nosso grito de igualdade e evolução. Segundo: Hoje completam 127 anos desde que romperam as correntes da escravidão, e male mal caminhamos, e no meio dessa caminhada poucos foram os negros que se uniram para lutar contra essa doença social. E digo que devido a essa falta de união, voz , e conformismo e medo de expor a nossa maior fraqueza, que é o medo de sermos hostilizados, fará dessa luta, agora unida não tão amigável, amistosa e agradável á frente inimiga, o que é triste pois nossa luta é junta. Quanto a peça, achei uma ótima comédia, mas não me acrescentou tanto assim, e olha que durante a peça eu ansiava muito por um por que, pra que e pra quem? Eu conheço o Fernandinho, adoro ele. Inclusive me orientou em um experimento na SP que expunha os problemas sociais e raciais no nosso país em que ele foi fundamental, e acredito que ele talvez tenha optado por fazer uma montagem assim, por suas raizes cirsenses e etc, ou por talvez querer ferir para alertar(??). Mas ele talvez não tenha entendido ainda que quando se é preto no brasil e sabe-se disso, sabemos tbm que as feridas cicatrizadas, sangram por qualquer coisa. É algo natural de nós negros, são marcas, estigmas que foram feitas enquanto dormíamos e que quando acordamos elas já faziam parte de nós. O assunto é chato, mas não pode ser calado, principalmente nós. Calar é também ferir ...

Bem, desde sempre eu soube que não queria fazer um blog para mostrar maquiagens e style apenas. Maquiagem é também a máscara que usamos na caminhada pela igualdade e discussão pela evolução, é o estilo de vida que levamos desde o primeiro 13 de maio que valeu para os negros e o estilo que queremos levar adiante. Uma coisa coisa pra mim é certa, não podemos temer a evolução. Pretos e brancas da minha vida, vamos ostentar beleza, vamos ostentar riqueza, vamos ostentar a paz, mas vamos ostentar também a força e a inteligência para não pararmos no meio do caminho, pois ainda falta muito.

Bjocas

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